O lado comportamental do processo de compra de casa e de escolha de crédito habitação é pouco conhecido. Sabemos o resultado final do processo de decisão, mas as motivações que levam a essa decisão são muitas vezes um mistério. Ou melhor: eram um mistério.
Com o intuito de levantar o véu sobre algumas questões do processo de compra de casa e de escolha do crédito habitação, a UCI desenvolveu, em parceria com o Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa, o estudo “Casa_PT”, que tem como objetivo encontrar respostas a questões relacionadas com a compra de casa, tais como:
- Que critérios foram fundamentais na escolha de casa nos últimos 3 anos?
- Que critérios foram determinantes na escolha da localização?
- Os portugueses recorrem a financiamento para comprar casa?
- Que fatores foram mais importantes na escolha do crédito habitação?
- Quantos portugueses sabem qual a classe energética da sua casa?
- A melhoria da eficiência energética é um motivo para realizar obras em casa?
Se quer saber mais sobre estas questões, venha descobrir as respostas no estudo UCI Casa_PT, que aborda os 3 momentos essenciais para quem está a comprar casa:
- A procura de casa;
- A procura de financiamento;
- A vivência da casa.
O que se procura quando se procura casa?
No estudo UCI Casa_PT, que na sua primeira parte aborda a procura de casa, começámos por tentar perceber o que as levou as pessoas a mudar de casa, não sendo surpresa que a maioria (21,6%) indique o aumento do agregado familiar como a principal razão para comprar casa.
Mais surpreendentes são a 2ª e a 3ª opções mais escolhidas, que são respetivamente a preferência por outro bairro ou localidade (18,7%) e a vontade de mudar de estilo de vida (13,1%), o que revela que não se trata apenas de ter uma casa, mas cada vez mais a casa se enquadra na vida que cada um quer ter.
Mas como procederam os compradores em relação à pesquisa da casa? Claro que cada pessoa pesquisa em várias frentes, mas a maioria (47%) recorreu a agências imobiliárias, sem fazermos aqui distinção entre websites e escritório físico. Também muito comum (42,4%) é o recurso à internet para pesquisas no google e nas redes sociais. Os sites de Bancos, apesar de poderem ser apetecíveis porque apresentam imóveis detidos pele banca e que podem ser financiados a 100%, apenas foram referidos por 10,2%.
E quanto tempo levou essa pesquisa? Não muito, segundo a maioria das pessoas. Na realidade, 42% demorou menos de 6 meses a encontrar a sua nova casa, e apenas 23,9% levou mais de 1 ano a fazê-lo.
Mas um dos pontos mais interessantes é perceber que fatores foram decisivos na escolha da localização e da casa e para isso foi pedido aos participantes do estudo que escolhessem as 3 características mais importantes em cada uma destas decisões. E, em termos de localização, em grande destaque aparece a proximidade de áreas verdes, mencionada por 51,8% das pessoas, logo seguida da proximidade de comércio (31,9%) e proximidade de serviços (30,1%).
Em termos da escolha da casa em si, sem surpresas, a localização foi a característica mais mencionada (50,1%), tendo também grande destaque o preço (42,2%) e a área da casa (40,7%). A casa ter um espaço exterior foi um fator decisivo para 29,5% dos inquiridos, o que é um elemento interessante e que reflete o impacto da pandemia.
E a procura de crédito habitação, como é feita?
A 2ª parte do estudo foca-se no financiamento da casa, uma etapa fundamental para assegurar a concretização da transação e que tem sido pouco estudada. Prova disso mesmo é que se verifica que 77,5% das pessoas que compraram casa nos últimos 3 anos recorreram a financiamento bancário, o que demonstra a importância do crédito habitação para que a compra se torne efetiva.
E que fatores foram mais valorizados por essas pessoas na escolha do crédito habitação? A maioria refere o spread (42,6%), mas quase com a mesma relevância (41,3%) o tipo de taxa de juro. Curiosamente, a TAEG e o MTIC, indicadores que remetem para a totalidade dos custos do empréstimo, apenas foram mencionados por 19,3% e 11,6% respetivamente. E este é um sinal de alerta, porque demonstra que as pessoas continuam a sobrevalorizar o spread, em detrimento de outros fatores mais importantes como a TAEG e no MTIC.
Uma questão que está muito ligada à importância que é dada ao spread é a contratação de produtos adicionais ao crédito habitação, com o intuito de obter condições de financiamento mais vantajosas. Das pessoas inquiridas que compraram casa nos últimos 3 anos com recurso a crédito habitação, 52,9% tiveram de facto de contratar produtos bancários adicionais, pelo que é uma prática disseminada. O que exige também uma reflexão porque o spread é apenas um custo e estes produtos podem implicar custos adicionais que têm de ser equacionados.
Quanto ao tempo necessário para finalizar o processo de financiamento, é conhecida a importância que a rapidez tem na compra de casa e a verdade é que a maioria dos processos parecem ser rápidos, com 63.4% dos inquiridos a referirem que demoraram menos de 2 meses a completar o processo de financiamento. Apenas 15% das pessoas tiveram processos que demoraram mais de 2 meses.
Depois da compra, como é a vida na casa nova?
Encontrada a casa ideal e escolhido o crédito habitação adequado, um dos objetivos do estudo foi também perceber um pouco sobre como é a vida em casa, especialmente no que se refere à relação com a eficiência energética.
Nos últimos anos tem sido feito um esforço geral de sensibilização para questões ambientais, nomeadamente quanto ao consumo de energia. Mas será que as pessoas têm noção de qual é a classificação energética da sua casa, por exemplo? A conclusão a que chegámos é que não, uma vez que 87,8% dos inquiridos não conseguiram dar essa informação.
Mas há um dado positivo: quando se olha especificamente para os resultados dos inquiridos que compraram casa nos últimos 3 anos a conclusão é bastante diferente, e nesse caso apenas 52,7% responde que não, o que revela que os compradores estão nos últimos anos mais sensibilizados para esta questão.
E a melhoria da eficiência energética da casa pode ser uma razão para fazer obras em casa? Aparentemente não, segundo 59,3% dos inquiridos. Mas há 35,2% que se mostram disponíveis para fazê-lo, o que é um dado que alimenta algum otimismo quanto à importância que a eficiência energética pode vir a ter para a habitação num futuro próximo.
A ideia de que a eficiência energética só interessa a quem tem muitas preocupações ambientais é uma ideia que está a cair por terra, porque a verdade é que entre os inquiridos que se manifestaram disponíveis para realizarem obras de melhoria da eficiência energética na sua casa, a maioria (53,3%) aponta a redução das despesas mensais com energia como a principal motivação, seguida da valorização da casa referida por 21,5% dos inquiridos. Apenas 18,1% dos inquiridos refere a preocupação com o ambiente. Portanto, antes de mais, a preocupação com a eficiência energética é uma preocupação com a poupança de dinheiro, que tem efeitos a longo prazo.
Quer saber mais sobre o estudo?
Os dados aqui apresentados são apenas uma parte das informações disponibilizadas neste estudo, que pode consultar na versão completa. Poderá ficar a saber mais, por exemplo sobre:
- Como correu o processo de mudança da maioria das pessoas e quais as principais dificuldades sentidas;
- Quantas pessoas pensam em mudar de casa nos próximos 5 anos;
- Se a maioria das pessoas pretende mudar para uma casa maior ou menor;
- E se os grandes centros urbanos são a localização favorita para as novas casas.
Consulte o Estudo UCI Casa_PT para saber mais.